Produtos Brasileiros no Canadá (e seus equivalentes)

Uma das partes mais difíceis de imigrar é adaptar o paladar à cultura local. Nós, brasileiros, temos fácil acesso a certos produtos e alimentos em feiras, botecos e padarias como pastel, pão de queijo, brigadeiro, cuscuz, feijoada, dadinho de tapioca, etc. Mas no Canadá, a menos que você se mude para uma cidade grande como Toronto ou Vancouver, pode ser um desafio encontrar lugares que vendam produtos do Brasil ou que tenham restaurantes brasileiros para matar a saudade de casa. Às vezes, a única opção que temos é tentar reproduzir em casa o que a gente já comprava pronto.  Mas onde encontrar os ingredientes? O que se pode usar para substituir certos ingredientes? E como eles se chamam em inglês?

Como eu disse no post anterior, é comum que os mercadinhos portugueses vendam alguns produtos do Brasil. E tem várias coisas que você pode comprar no Brazilian Market. Só alguns produtos perecíveis não podem ser enviados pelos correios e a entrega é feita por eles periodicamente de carro em algumas áreas de Ontario.

E aqui segue uma lista do que você pode encontrar em Supermercados comuns:

Açaí: Em mercados portugueses e no Brazilian Market vendem a polpa congelada e em franquias de sucos naturais como Booster Juice, são vendidos Acai Bowls com frutas

Amido de Milho: 
Corn Starch (“Maizena”)

Arroz: No Canadá, existem muitos tipos de arroz. O que usamos no Brasil é classificado como Arroz Branco Longo (tipo A, B, C). Você acha o Long Grain Rice aqui, mas é bem diferente do nosso. A maioria dos brasileiros que conheço usam o arroz Basmati, e desde então só tenho usado esse também.

Azeite de Dendê – Palm Oil / Red Palm Oil – encontra online e em lojas de produtos africanos

Batata Palha: Às vezes encontrada a da Elma Chips no Walmart e nos mercados portugueses. A coisa mais próxima de Batata Palha que existe aqui no Canadá se chama Hickory Sticks, mas pessoalmente acho o gosto muito forte.

Cachaça: às vezes você encontra no LCBO mas a média é de uns $40 por garrafa. Cachaça é um dos ingredientes para fazer massa de pastel, mas fique sabendo que dá super certo de fazer com vinagre branco também.

Calipso (Biscoito/Bolacha): Aqui não existe essa iguaria da Nestlé. Em qualquer mercado, você encontra um produto chamado Family Digestive da marca Christie, que tem exatamente a mesma forma do Calipso, mas a qualidade no gosto é muito inferior. Talvez quebre o galho caso você esteja com saudades da Torta Holandesa, mas acho que existem outros “Chocolate Biscuits” que apesar de não ter o mesmo formato, são gostosos igual ao Calipso.

Carne Seca: Pode ser comprada pelo site da Carne Seca Lead Foods, única empresa no Canadá que vende o produto.

Castanha do Pará: Brazil Nuts, encontrada no Bulk Barn

Cuscuz: No Bulk Barn, há diversas opções de grãos para cuscuz do estilo feito no oriente médio. É bem rápido o cozimento: só colocar na água fervendo, mexer, retirar do fogo e deixar 5min na panela tampada. Eu sempre compro. Mas o cuscuz que a minha mãe faz no Brasil é com Milharina Quaker ou Flocão Yoki. Aqui no Canada, o floco de milho mais grosso chama Cornmeal e vende em qualquer mercado, mas a maioria das marcas não oferece a versão pré-cozida como a Milharina. Para a nossa alegria, tem uma marca específica chamada P.A.N. que oferece Pre-Cooked Yellow Corn Meal e é encontrada no Food Basics e Fresh Co. O Flocão Yoki pode ser encontrado no Nations Fresh Foods.

Couve Manteiga: Collard Greens. É encontrada no Canadá em uma certa época, na maior parte do ano pode ser difícil encontrar. O que você encontra sempre é a Couve Crespa, aqui chamada por Kale.

Creme de Leite: Essa faz confusão pra todo mundo. Aqui o creme de leite é chamado de Cream, e há muitas versões dele. Nas geladeiras, você encontra Cream com 15%, 18% (table cream), 25% e 35% (Whipping Cream, para fazer Chantily e outras receitas), mas a consistência é mais líquida. Para uma consistência mais espessa, a Carnation (uma marca equivalente ao nosso Nestlé), vende o Thick Cream (25%) em latinhas de 170ml, encontrado no Walmart. No Food Basics e Fresch Co. você pode encontrar Thick Cream de marcas árabes, chamados de “Cream Products”, sempre estarão na sessão de Baking Needs próximos ao Leite Condensado.

Erva Mate: Yerba Mate. Você pode encontrar no Nations, No Frills, Amazon, Brazilian Market e no Mateína (uma loja online em Quebec que só vende produtos com Mate).

Farinha de Rosca: Bread Crumbs

Farofa: Encontrada no Walmart (a temperada da Yoki). Caso você queira fazer a sua própria farofa, procure pela farinha de mandioca (Cassava Flour).

Feijão Fradinho – Black Eyed Peas

Fubá – Corn Flour (farinha de milho fina)

Goiabada – Guava Paste, encontrada no Food Basics ou Fresh Co na marca Goya, que vem da região do Caribe mas tem o mesmo gosto. Pode comprar online na Amazon também. O suco de Goiaba é facilmente encontrado em caixinha em qualquer mercado.

Guaraná Antartica –  Em qualquer Food Basics vende a garrafa de 1,5L, na sessão de produtos importados de Portugal (sim, eu sei).

Leite Condensado – Sweet Condensed Milk. Por favor não confunda com Evaporated Milk, que é totalmente diferente do leite condensado.

Leite de Côco – Coconut Milk

Leite Desnatado – Skimmed Milk

Leite Integral – Os leites marcados com 3,25% milkfat by weight são integrais. Aqui no Canadá é muito comum o leite de saquinho, vendido em pacotes com 4 unidades (é mais barato que comprar o de caixinha). Sempre ficam nas geladeiras.

Leite Ninho – Aqui em mercados de produtos internacionais é vendido como Nestlé Nido. Mas custa muito, muito caro mesmo. O mais barato que eu vi foi num mercadinho árabe e a lata custava $16. Por menos que isso, você encontra pacotes enormes de leite em pó (Powdered Milk) de outras marcas em qualquer supermercado.

Leite Semi-Desnatado – Partly Skimmed Milk

Mandioca – Chamada de Yucca Wax, Manioc ou Cassava. Encontra-se constantemente no Food Basics pelo melhor preço. Às vezes vejo no Walmart. No Nations e em mercadinhos africanos você encontra a mandioca descascada congelada.

Manteiga de Garrafa – Eu sei que são coisas diferentes, mas o mais parecido que você vai encontrar  é a Ghee Butter.

Maracujá: Passion Fruit. O único lugar que encontrei a fruta foi no Fortinos, mas ele vem da Colômbia. É bem pequeno, a parte externa é roxa e custa $2 cada maracujá. Um absurdo. O Maguary concentrado pode ser comprado no Brazilian Market e em lojas portuguesas. O suco pronto de caixinha é encontrado em qualquer supermercado.

Nescau / Toddy: Aqui no Canadá, os achocolatados são um pouco diferente. Grande parte já vem com leite em pó para você misturar na água. É fácil encontrar os tradicionais Ovomaltine, original e a versão chocolate em qualquer supermercado. O Food Basics vende a versão Nescau como Nestlé Milo, uma lata verde encontrada nas sessões de importados.

Paçoca: Só acho no mercadinho português Duarte’s. Ainda vou tentar fazer a minha própria paçoca um dia!

Polvilho Azedo – Sour Starch, Sour Manioc Starch ou Sour Cassava Flour. Difícil de encontrar. Às vezes há disponibilidade no Walmart, Amazon e no último mês estava sendo vendido no Nations Fresh Foods.

Polvilho Doce – Vende em qualquer mercado sob o nome de Tapioca Starch. É possível fazer pão de queijo apenas com o Polvilho Doce, então guarde bem esse nome. Se você souber fazer o processo de hidratação do Polvilho Doce, pode fazer a goma de tapioca.

Queijo Coalho – A versão norte-americana do queijo coalho é o Halloumi Cheese. Importantíssimo para o churrasco ou aquele baião de dois.

Queijo de Minas – não há nada igual ao nosso, mas o que alguns brasileiros usam para substituir é o Fresh Cheese português (St. Jonh’s) e espanhol Queso Fresco. Comprei o Espanhol no Fortinos mas não curti muito. Preciso tentar o português.

Quejo Prato – Foi feito por uma família Dinamarquesa no Brasil que tentava reproduzir um queijo do tipo Danbo. Aqui não existe queijo prato, mas um que eu achei o gosto um pouco parecido é o Havarti Cheese em fatias, que eu não sabia mas também é Dinamarqueês.

Requeijão – Às vezes encontrado no Nations e em mercados portugueses. Um substituto que muitos brasileiros usam é o Puck, a consistência é a mesma. Ele é um pouquinho mais salgado mas quebra o galho. Encontra-se na geladeira próximo ao Cream Cheese na maioria dos supermercados.

Tapioca Granulada – Instant Tapioca ou Minute Tapioca. Ingrediente para fazer dadinho de tapioca. A marca que você vai encontrar em qualquer mercado é o Club House.

Trigo para Kibe – vende no Walmart, da Yoki

TEMPEROS

Alecrim – Rosemary
Canela – Cinnamon
Cebolinha – Chives
Coentro – Cilantro
Colorau – Annatto (só encontra online)
Cominho – Cumim
Curcuma – Turmeric
Endro – Dill
Folha de Louro – Bay Leaves
Manjericão – Basil
Noz Moscada – Nutmeg
Orégano – Oregano
Salsinha – Parsley
Tomilho – Thyme

CARNES

Aqui no Canadá as pessoas geralmente compram carne no supermercado. Não há muitos açougues como em São Paulo. Além disso, a carne é cortada de maneira diferente. A gente tem muito mais cortes que os norte-americanos. A carne moída aqui só chama ground beef, sem especificar de qual corte veio. E eu acredito que alguns cortes aqui vem da vaca e não de boi como geralmente é no Brasil, porque o gosto é muito diferente. Eu tenho dificuldades de realmente gostar das carnes aqui (pode ser minha falta de habilidade de cozinhar), a não ser que seja Angus Beef.

Acém – Chuck
Alcatra – Top Sirloin
Costela – Ribs
Cupim – Hump
Fraldinha – Bottom Sirloin
Lagarto – Eye of Round
Picanha – Rump Steak
Maminha – Trip Tip

Pra quem ama Carne Louca assim como eu: usei Chuck Roast comprado no Metro e ficou muito bom!

Linguiça Calabresa: Vende no Brazilian Market e em algumas unidades do Pavão Meats & Deli.

Como vocês podem ver, é possível reproduzir praticamente tudo que temos no Brasil. As únicas coisas que nunca encontrei são chuchu e mandioquinha (apesar de encontrar a congelada às vezes no Brazilian Market). Eu tive que aprender a fazer muitas coisas para matar as saudades das comidas brasileiras, já que aqui em Hamilton não há nenhum restaurante brasileiro. A gente bate cabeça, tenta de novo e uma hora dá certo. E você, já tentou substituir algum ingrediente aqui na gringa? Tem algo que você nunca encontrou? Deixe nos comentários!

Vivendo em Hamilton – Canadá!

Viajar é viciante. Uma vez que você começa a conhecer novos lugares, novas culturas e novas paisagens fica difícil você se conformar em uma rotina dentro de um escritório onde você nem consegue ver a luz do dia lá fora.

Há algum tempo eu vinha pensando em passar mais tempo em outro país e mergulhar em outra cultura. Eu queria um país que tivesse como primeira língua o inglês e assim fui fazendo minhas pesquisas. No final das contas escolhi o Canadá porque além de ser um país mais aberto a estrangeiros, o câmbio do dólar canadense é um pouco mais baixo que as demais moedas.

Decidido o país, faltava a cidade. Foi me sugerido Hamilton (apelidada de “The Hammer” pelos locais). Este post estava no rascunho desde Julho de 2017, quando vim ao Canadá pela primeira vez para ficar por seis meses. Depois voltei de novo por dois meses, e em outubro de 2018 passei a morar de vez após casar com um canadense. Juntando todo o tempo que passei aqui, já deu mais de um ano. Se você pretende se mudar para Hamilton, aqui estão alguns pontos para você levar em consideração:

ESTRUTURA
Os canadenses aqui dizem que Hamilton é ótimo porque o custo de vida é mais baixo e fica perto de tudo: Toronto que está a 62km, Niagara Falls a 73km. A cidade não é tão pequena – são quase 670.000 habitantes, de vários lugares do mundo. Há muitas escolas, parques por todos os lados, shoppings, teatro, cinemas, casas de shows, museus, piscinas públicas no verão. Há hospitais especializados em diferentes vertentes da saúde. Para quem visita o país é importantíssimo fazer um seguro-saúde antes da chegada. Se você precisar de algum serviço de emergência, o custo final será altíssimo – aqui se paga até o transporte na ambulância.

Para as mulheres que fazem uso de contraceptivos e estão mudando para o Canadá, aqui em Hamilton há clínicas do governo gratuitas onde você pode se consultar com um médico e ele te receita novas pílulas ou te indicar outros métodos contraceptivos. Na própria clínica, as pílulas são vendidas a preço de custo – muito mais baratas que na farmácia. Clique aqui para mais informações a respeito.

A cidade de Hamilton possui uma parte no nível do lago Ontário (downtown) e parte na montanha. Percebo que existe um certo bairrismo aqui. Quem mora na montanha diz que é lá é mais tranquilo e evita ir em downtown porque é perigoso; quem mora em downtown diz que o povo da montanha é esnobe. Eu gosto das duas partes, cada uma tem suas vantagens e desvantagens.

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MORADIA
Há muitas opções de moradia, para todos os bolsos. No Airbnb, você encontra quartos e apartamentos para alugar. Os preços obviamente variam de acordo com a região mas com certeza é bem mais acessível do que cidades como Mississauga e Toronto. Outra opção é o homestay (casa de família) e você também pode consultar pela internet. A dificuldade aqui pode ser encontrar uma casa ou apartamento que não seja condicionado ao contrato de um ano. E aqui eles pedem referência, extrato bancário, prova de que você está empregado, o que pode ser difícil para quem acabou de chegar ou está com visto de turista e pretende estudar inglês por 6 meses.

TRANSPORTE PÚBLICO
O transporte público é eficiente e as pessoas usam bastante. Em Hamilton Downtown os ônibus circulam com mais frequencia, já na montanha a espera é maior. O lado bom é que tanto pelo Google Maps quanto pelo telefone da HSR você pode verificar o horário que o ônibus vai passar em um ponto específico. Às vezes ele vem um minuto antes ou depois, mas a estimativa no geral é bem precisa.  Os ônibus possuem um suporte na frente para levar bicicletas. As opções para pagar o ônibus são:

CAD 3,00 – se você pagar na hora. A máquina onde o dinheiro é depositado não dá troco, por isso tenha o dinheiro contado. O motorista te dá um bilhete de transferência e dentro de duas horas você pode pegar quantos ônibus quiser.

CAD 2,40 – comprando os bilhetes antecipadamente em postos autorizados como alguns comércios e lotéricas, sai um pouco mais barato e você também tem direito a transferência. A tarifa é a mesma se você adquirir o Presto Card, que é um passe eletrônico recarregável (estilo Bilhete Único)

CAD 105.60 – Passe mensal para viagens ilimitadas

Para ir à outras cidades, o meio de transporte utilizado sai da Go Station. Há ônibus e trens que vão à Toronto, Niagara e outras cidades ao redor.

ACESSIBILIDADE
É muito comum ver por aqui pessoas muito idosas, em cadeira de rodas ou andadores. A cidade aqui é bem preparada em questão de acessibilidade. Todos os ônibus são acessíveis – possuem rampas e há bancos que podem ser dobrados quando alguém entra com cadeira de rodas. As calçadas também tem o rebaixamento na guia e ainda não vi nenhum lugar que falte uma rampa ou um elevador.

ESCOLAS
Para quem planeja um intercâmbio, aqui há a McMaster University e o Mohawk College. As duas são públicas e tem nome de peso aqui no Canadá. Para estudantes internacionais, os cursos são bem caros. Até para as aulas de inglês o investimento é alto.

Para quem tem filhos, aqui você pode optar pela escola pública ou pela escola católica. As duas são gratuitas, e a escola que você deve matricular seu filho é definida pelo seu endereço. Aqui tem escola barra pesada também, onde há bullying, drogas e violência. Não venha iludido achando que isso acontece “só no Brasil”, como várias pessoas acreditam. Pesquise antes de escolher um bairro para morar, já que isso vai influenciar o local que seu filho vai estudar.

EMPREGO
Para quem vem com o Work Permit, a taxa de desemprego no Canadá em geral não é tão alta. Acontece que muitas vezes é difícil você encontrar um trabalho na sua área de formação. Já ouvi brasileiros aqui que estudaram em universidade e reclamam porque estão trabalhando na lanchonete ou no supermercado. Mas olha só: todo trabalho é digno, e se você precisa pagar as contas, qual o problema de não trabalhar na sua área? Aqui em Ontário o salário mínimo é de $14 a hora, e ter um trabalho mesmo com o salário mínimo vai fazer a diferença para pagar suas despesas no Canadá.

Para quem acabou de chegar, eu recomendo muito os serviços da Employment Hamilton. Essa organização aparentemente é mantida pelo governo, e possui muitos serviços gratuitos. Há orientadores que te ajudam a montar um currículo de acordo com o que as empresas esperam, e o objetivo é te ajudar desde o currículo até você conseguir um emprego. Cursos gratuitos são oferecidos, e os cursos pagos tem desconto por causa de parceirias com outras empresas. Eu fui aconselhada a fazer todos os cursos gratuitos para fins de currículo. Por exemplo, o curso de Segurança do Trabalho é obrigatório para quem trabalha em Ontário. No Employment Hamilton você também pode utilizar a rede de computadores e impressora para imprimir seus currículos e documentos que você precisa apresentar em entrevistas. Acho muito bom ter esses recursos disponíveis, fazem muita diferença mesmo!

NATUREZA
Hamilton é conhecida como “A Cidade das Cachoeiras” ou “A Capital Mundial das Cachoeiras” – há aproximadamente 120 na região. As principais cachoeiras são: Webster, Tews, Sherman, Abion, Chedoke, Devil’s Punch Bowl, Princess. Porém só é possível ver as cachoeiras a partir de plataformas. Após diversos acidentes, a prefeitura interditou o acesso às cachoeiras e há policiais que monitoram se há pessoas na cachoeira. A multa é bem salgada. Mas para quem gosta de fazer trilhas, aqui há acessos à Bruce Trail, a trilha mais antiga e longa do Canadá que vai de Tobermory até Niagara. São 890km na trilha principal e há diversas outras trilhas associadas. A trilha é protegida pois é uma das Reservas da Biosfera da UNESCO. Mais informações nos sites abaixo:

Bruce Trail
City of Waterfalls
Hamilton Waterfalls

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A cidade também conta com muitas ciclovias. Me sugeriram comprar uma bicicleta usada em Garage Sale, que sai bem barato. Também é possível alugar bicicletas em um esquema parecido com o que temos em São Paulo com as bicicletas do Itaú. Aqui se usa um aplicativo chamado SoBi Hamilton. Você se cadastra, faz o plano que quiser e o app gera um código para você destravar a bicicleta.

COMES & BEBES
Não é novidade que o Canadá é a casa de muitas nacionalidades e aqui em Hamilton não é diferente. Há diversas comunidades: portugueses, italianos, filipinos, gregos, chineses, coreanos, japoneses, hispanos (principalmente da América Central). Cada um trouxe um pedaço da sua cultura, o que inclui a culinária.

É muito fácil encontrar produtos brasileiros em mercados portugueses e no Walmart. Logo, você não vai ficar passando vontade de tapioca, paçoca, açaí, pão de queijo, biscoito de polvilho, bolacha Maria ou Guaraná Antartica.

Na James St N, há muitos restaurantes e padarias portuguesas e por isso é chamada de Little Portugal. A Hess Village é onde a vida noturna é mais agitada e a Locke Street é a Vila Madalena de Hamilton, cheia de lojas de arte, bares e pubs e restaurantes hipters 😛

Uma curiosidade: O Tim Hortons é uma cafeteria muito popular no Canadá. Por acaso a franquia nasceu aqui em Hamilton no ano de 1964. Há um pequeno museu no andar de cima da primeira loja na 65 Ottawa St N.

ESPORTES
O time de futebol americano local é o Hamilton Tiger Cats. O estádio que eles jogam é o Tim Hortons Field. Já para Hockey temos o Hamilton Bulldogs, que joga no F1rst Ontario Centre. O time de futebol é novinho em folha e se chama Forge F.C.

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NEM TUDO É LINDO
Não se iluda – o Canadá é um país de primeiro mundo mas não é perfeito. Aqui tem mendigos, tem muita gente doida, tem crimes por causa de drogas, assaltos, muita invasão de casas e roubo de carros. No site da polícia de Hamilton há um mapa com os locais aonde aconteceram as ocorrências. Há alguns bairros que são considerados bem perigosos. Por isso, pesquise bem antes de escolher um local para ficar.

Sobre preconceito: Hamilton é uma cidade com muita diversidade: há pessoas de muitos lugares do mundo e as leis contra discriminação são bem pesadas. Isso não quer dizer que o preconceito não existe. Eu diria que o preconceito aqui é silencioso, enrustido. Conversando com uma menina da Arábia Saudita, ela afirma que as pessoas não são muito receptivas com ela. Ouvi muitos relatos de brasileiros que sentiram a discriminação na pele. Eu também já presenciei algumas mudanças de comportamento quando a pessoa fala que é de certo lugar ou religião.

COMUNIDADE BRASILEIRA
A comunidade brasileira em Hamilton tem crescido bastante nos últimos anos. Aqui em Hamilton os brasileiros estão meio espalhados, mas eles fazem alguns eventos ao decorrer do ano, como piqueniques e passeios. No facebook, há um grupo chamado Brasileiros em Hamilton, e lá você pode acompanhar quando serão os eventos, pegar dicas com os demais membros, ver os serviços que outros brasileiros oferecem em Hamilton, como estética, transporte particular, comida, etc.

NO FINAL DAS CONTAS…
Hamilton é uma boa cidade para se morar. Há tudo o que você precisa para ter uma boa qualidade de vida, desde natureza até as mais diversas formas de entretenimento. Há diversidade, excelentes restaurantes (preços para todos os tipos de bolso), transporte público eficiente, variedade de supermercados. E o que faz muita gente vir para cá, é o custo de vida que é bem menor que Toronto. Apenas tenha em mente que todo lugar do mundo tem seu lado bom e ruim – e que aqui não é livre de problemas.

Tchevap – O Sabor da Bósnia no Brasil

Ontem eu estava com uma amiga que é vegetariana. A gente estava morrendo de fome e eu não sabia dizer se os lugares que eu gosto tem opções para este tipo de público. Assim, sugeri o Calçadão Urbanóide na Rua Augusta, que é certeza de ter variedades vegetarianas e veganas.

Não passava por ali há alguns meses. Para minha surpresa há um novo food truck, logo na entrada, chamado Tchevap. “Tchevap” é o jeito que se pronuncia o nome de um prato bem típico da região dos Bálcãs – o Ćevapi (nome completo é Ćevapčići). Quando vi, fiquei mega empolgada e feliz porque após 4 anos eu finalmente poderia saborear novamente esta deliciosa iguaria.

Nos meus posts sobre a minha viagem à Bósnia eu mencionei a simpatia e hospitalidade das pessoas lá. Aqui não foi diferente: o bósnio Aleksandar Jokanvić foi sensacional e conversamos muito tempo sobre o país dele. Falei sobre os lugares que visitei em Sarajevo e sobre o tour em lugares afetados pela guerra. Ele me contou que fugiu de Sarajevo em 1993, quando a cidade ainda estava sob o cerco, e se estabeleceu aqui no Brasil. Ele trabalha com consultoria em T.I. mas há 3 meses entrou no ramo gastronômico. A intenção é expandir o negócio para outros bairros e até pensa em abrir um restaurante com mais opções de pratos de seu país natal. Eu torço muito para que ele consiga, pois a culinária da região tem uns sabores muito diferentes!

O tradicional Ćevapi do Tchevap é feito do jeito dos bósnios muçulmanos – sem a carne de porco. A descrição deles é: rolinhos de cordeiro e boi, grelhados em pedras vulcânicas, servidos no pão artesanal banhado em tutano (R$25)

Eles também oferecem a opção Tchevap Veggie, que são croquetes de lentilha, grão de bico, cenoura e cogumelos paris flambados na cachaça, grelhados em pedras vulcânicas, servidos com pão artesanal (R$20)

Esse pão artesanal é parecido com o pão pita que comemos aqui, só que mais grosso para que possa ser aberto e recheado.

Os acompanhamentos dos dois pratos são: alface, cebola roxa e os seguintes molhos:
Kopar – molho de iogurte, dill, cebolinha e maionese
Ajvar – pesto de pimentão vermelho e berinjela (se pronuncia Aivar)

O sabor me transportou de volta ao meu mochilão de 2013 no Leste Europeu. O Aleksandar me perguntou se era igual ao que comi na Bósnia e com certeza é. Comentei com ele que a única diferença é que lá na Bósnia vem cheio de cebola dentro. Ele disse que aqui não dava para fazer isso por causa do gosto dos brasileiros, e concordo com ele. Inclusive achei bem melhor sem aquela pilha de cebola dentro!

Eles vendem potinhos de Ajvar (R$16). Trouxe um para casa e já comi metade com torradinhas. É muito gostoso mesmo!

Se você quiser experimentar um pouco da culinária bósnia, este é o único lugar que vai encontrar por aqui em São Paulo e provavelmente no Brasil. Abaixo estão os detalhes que vieram no cartão de visita do Tchevap:

Telefone: (11) 96966-2596
Página: http://www.facebook.com/tchevap/

Hvala!

Belém do Pará

Belém do Pará foi fundada às margens do Rio Guamá em 1616 pelo capitão-mor português Francisco Caldeira Castelo Branco. Até hoje a cidade é uma referência da presença dos nossos colonizadores na região da floresta amazônica. Podemos perceber a influência deles na arquitetura de várias construções centenárias com suas fachadas revestidas de azulejos, apesar de muitos lugares históricos estarem um tanto quanto malcuidados por parte do governo e da população.

O que mais me chamou a atenção é que a cidade é extremamente acolhedora e hospitaleira. O atendimento é incrível em qualquer serviço prestado – se prepare para ser chamado por nomes carinhosos: meu bem, meu amor, minha querida. As pessoas entram no elevador e cumprimentam; passam sorrindo na rua. Além disso, os turistas do Brasil e do mundo são atraídos por suas riquezas naturais – que incluem diversas ilhas ao seu redor com praias de rios e igarapés – e culturais –  que incluem uma gastronomia excepcional e artesanato (influenciados pelos povos indígenas) e estilos musicais regionais como o Carimbó e a Guitarrada.

Aqui eles chamam as estações só de verão (época mais seca) e inverno (época de chuva). Mas de qualquer jeito “verão chove todo dia, inverno chove o dia todo”. Assim, prepare seu guarda-chuva porque você vai usá-lo muito e conheça a cidade.

ONDE FICAR

Durante o tempo que passei em Belém, fiquei em dois lugares diferentes: Galeria Hostel e Manga Hostel. Os dois são confortáveis mas cada um tem suas vantagens:

  • O Galeria Hostel fica numa área super legal, próximo do Boulevard Shopping. Na frente dele tem uma área de food trucks, na mesma quadra tem a sorveteria Ice Bode. A avenida mais próxima dispõe de ônibus para tudo quanto é lugar da cidade. Deu pra ir para alguns pontos turísticos a pé a partir do hostel.
  • O Manga Hostel fica bem no centro da cidade mesmo, próximo à rodoviária. Nas proximidades não tem muitos lugares legais pra comer. Tem um supermercado Líder a 2 quadras, que possui um restaurante. Tudo no hostel é bem novo e eles tem piscina e uma área onde às vezes rola música ao vivo.

O QUE FAZER

VER-O-RIO
O espaço chamado ver-o-rio é um complexo turístico com restaurantes, bares, música ao vivo, playground, lago com pedalinho. O intuito é intergrar tudo isso à natureza que tem em volta.

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Ver-o-Rio – Foto Boing Turismo

ESTAÇÃO DAS DOCAS
Situado na orla do Rio Guamá, é o point da cidade. Assim como o Ver-o-Rio, a estação das docas é um complexo com lojas, bares, restaurantes que tem até apresentações ao vivo. É um bom passeio, principalmente no fim da tarde, com o por-do-sol. Lá podemos encontrar o bar da Amazon Beer, que oferece diferentes cervejas com notas de frutas típicas da Amazônia, como açaí, bacuri e taperebá. Também tem a Sorveteria Cairu e Gelateria Damazônia: não deixe de provar a torta sorvete de açaí com tapioca. Sabor divino!

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VER-O-PESO
Logo após a estação das docas fica o mercado ver-o-peso. Antigamente, aquilo era um posto de fiscalização da coroa portuguesa, chamado Casa de Haver o Peso. Sua estrutura de ferro foi trazida da Europa. Hoje, o interior do ver-o-peso funciona como um mercado de peixe. Os pescadores trazem tudo fresquinho. Do lado de fora, há uma feira de rua onde são vendidos alimentos típicos da região, ervas que muitos consideram medicinais e artesanato. Do tucupi à castanha do pará (que obviamente custa bem menos que qualquer outro lugar).

ver o peso

Quando você fala para um paraense que você vai no Ver-o-Peso, dá pra ver o medo estampado na cara deles. Os alertas já começam logo: “cuidado quando andar por lá”, “não tira o celular do bolso”, “não faz isso, não faz aquilo”. Vou falar a real: não me senti ameaçada em nenhum momento no ver-o-peso. Claro que se eles alertam tanto é porque acontecem sim roubos e assaltos. Mas a região é bem movimentada durante o dia (não fui no domingo). Então apenas tenha a cautela que você teria em qualquer lugar que não conhece. Redobre o cuidado se você for atravessar do Mercado para o Forte do Presépio.

MAIS DO CENTRO HISTÓRICO
O Mercado Municipal de Belém fica bem em frente ao Ver-o-Peso e basicamente peixe também. Seguindo em frente, temos a Praça do Relógio. O relógio foi importado da Inglaterra na década de 30 e as construções ao redor da praça são todas históricas. Dois quarteirões à frente é possível visitar O Forte do Presépio, que foi construído no mesmo ano que a cidade foi fundada. O museu conta com uma vista para o mercado Ver-o-Peso. Bem próximo do Forte há o museu chamado Casa das Onze Janelas. Esta casa foi construída no século 18, nos tempos de engenho do açúcar e conta a história da época.

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Um pouco mais afastado o Theatro da Paz, construído em 1878, foi a primeira casa de espetáculos na amazônia e mostra o ápice da época do Ciclo da Borracha, que impulsionou o crescimento na região.

ILHA DO COMBÚ
Para provar um pouco da culinária típica paraense, um bom lugar é a Ilha do Combú. Essa ilha é composta por diversos restaurantes, acessíveis apenas por barco. Os barcos saem da Praça Princesa Isabel e custam R$5. A travessia dura 10 minutos. Nós fomos ao restaurante “Saldosa Maloca”. Ali nos sentimos na amazônia mesmo: pelo rio (onde podemos tomar banho), a trilha para a floresta, a estrutura de madeira e palha. Não houve arrependimento: comemos isca de filhote e tambaqui assado. Sabor único.

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ILHA DE MOSQUEIRO
As praias de rio da Ilha do Mosqueiro parecem de praia mar mesmo – não dá para ver a outra margem do rio e possui ondas. A praia mais famosa é a Praia do Paraíso. Para chegar até lá, pegue um ônibus na rodoviária de Belém (R$9). O ônibus para muito no caminho e o trajeto acaba duranto umas 2h, mas vale a pena.

Na praça central da ilha, há um lugar chamado Tapiocaria. Mas não se resume a uma só tapiocaria: é um conjunto de tapioqueiros que ficam um ao lado do outro. Tem outras comidas como cuscuz e mingau. Perfeito para o lanche da tarde. Nós ficamos na Tapiocaria da Jandira, onde comi uma tapioca de queijo cuia com cupuaçu que eu espero reencontrar algum dia!

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MANGAL DAS GARÇAS
O lugar mais bem cuidado de Belém. Possui um parque com lagos e os animais ficam soltos. A entrada ao parque é gratuita, porém há algumas atrações pagas: Borboletário, Farol de Belém, Viveiro das Aningas e o Memorial da Navegação da Amazônia – cada atração por R$5 ou o passaporte para ver todas as atrações por R$15. No topo do Farol de Belém tem uma vista panorâmica muito bonita, mas estava fechado para manutenção no dia que fomos. Dentro do parque também há restaurantes que servem comida típica do Pará, incluindo o famoso restaurante Manjar das Garças, que fica ao lado do Mirante do Rio (preços são bem salgados pra pegar turista que gosta de gastar).

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FUTEBOL
Segundo os paraenses, o que faz a cidade pegar fogo é o “RE-PÁ” – clássico entre os dois times principais de Belém, Remo x Paysandu. O Paysandu ostenta em seus muros o orgulho de ter participado da Copa Libertadores da América em 2003. Para quem gosta de conhecer estádios quando viaja, clique para ver mais informações abaixo:

CULINÁRIA
A culinária paraense é uma explosão de sabores – mistura raízes e seus extratos com frutas, influência da cultura indígena da região. A Maniçoba por exemplo, é feita com as folhas da mandioca e carne de porco. Ela é cozida por 8 dias para retirar o veneno (ácido cianídrico) que tem na folha. O mesmo acontece com o tucupi, um molho feito com a raiz da mandioca brava. O prato Pato ao Tucupi é uma das iguarias mais famosas do Pará mas eu não experimentei porque não gosto muito da carne de pato. O que eu comi foi bacalhau ao tucupi, que é uma delícia! O Jambu também é uma erva típica do estado e é inserido no arroz e até em cachaça. A requisitada Cachaça de Jambu deixa a boca um pouco dormente, então pega leve se decidir experimentar.

Os pratos que eu nunca vou poder experimentar por causa da minha alergia a camarão: o Vatapá do Pará é diferente do da Bahia, pois não vai nem castanha de caju nem amendoim; a consistência é de mingau. O Caruru é um refogado com camarões e pode levar jambu na produção. O Tacacá é um caldo feito com camarão, jambu, tucupi e tapioca.

Quando se fala no Pará é impossível não se lembrar de Açaí. E lá é o original mesmo. O sabor é muito diferente do que estamos acostumados em outras regiões do Brasil. A consistência dele é bem cremosa, o gosto é muito forte e ele é mais consumido com farinha de mandioca e flocos de tapioca que acompanham comida salgada, como peixe! Algumas vezes é possível encontrar a versão com frutas. Para esta experiência, um excelente lugar é o Point do Açaí, que possui 3 unidades na cidade. O cardápio tem todos os pratos bem típicos do Pará e um atendimento de primeira. Foi o primeiro lugar que eu comi em Belém e eu ainda estava com minhas malas. O garçom Rodrigo, muito gentil, guardou todas as minhas coisas no escritório. Depois em outra unidade, nós vimos como os garçons tiveram o cuidado de ir até a rua buscar um casal idoso, ajudá-los a chegar até o restaurante e acomodá-los. Depois ainda fizeram um tour com a gente no restaurante! Super recomendado!

Roteiro Belém - Point do Açaí

Foto: Nazareno Alves

A cidade de Belém tem um potencial muito grande para turismo. Ela recebe uma boa quantidade de turistas (incluindo muitos estrangeiros) que querem explorar a amazônia – fazer os passeios de barco de Santarém – Manaus, visitar Alter do Chão, Salinas e Ilha do Marajó entre outros locais de beleza única. Mas infelizmente a impressão que tive é que a cidade é bem abandonada. Há muita sujeira nas ruas e as construções históricas estão sem nenhum cuidado. Um exemplo disso é o Bondinho. Vi apenas a estação fechada, completamente danificada pelo lado de fora. As avaliações no TripAdvisor são unânimes quanto ao abandono de uma história tão importante. Um pouco mais de investimento por parte do governo poderia alavancar o turismo, principalmente no centro histórico.

No demais, a viagem vale a pena pelos motivos já citados na introdução deste texto. Em Belém, é possível descobrir muitos ritmos e sabores, um clima e uma natureza que não são comuns por aí, além de um modo de vida simples e simpático!

Tem algum lugar que você gostou em Belém? Deixe nos comentários 😉
Fiquem com este maravilhoso clipe do Calypso

Riverside – Love, Fear and the Time Machine (2015)

Como às vezes escrevo sobre música aqui no blog, resolvi falar sobre meu álbum preferido desde 2015 – Love, Fear and the Time Machine da banda polonesa Riverside. Por acaso no dia que o disco foi lançado eu estava no show deles aqui em São Paulo, no Overload Fest e gostei logo de cara ao ouvir as duas músicas que eles tocaram do lançamento. Desde então ouço com muita frequência.

Como quase todos os discos de rock progressivo, o álbum é conceitual e fala basicamente sobre decisões que escolhemos tomar ou não e os fatores que influenciam isso: amor, o medo, o que passamos e o que pensamos sobre o futuro. Vamos analisar qual a mensagem das músicas, com base nas letras e numa entrevista com o vocalista Mariusz Duda.

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Lost (Why Should I Be Frightened By a Hat?)
A frase “Why should I be frightened by a hat?” (Por que é que um chapéu faria medo?) foi retirada do livro “O Pequeno Príncipe”. Na história, o piloto desenhava um elefante engolido por uma jibóia, mas nenhum adulto entendia o desenho. Eles viam como um chapéu e faziam a pergunta: por que um chapéu faria medo?

Aqui, o que querem dizer é: por que devemos ter medo de algo que não sabemos? Quando estamos no processo de tomar uma decisão, podemos nos sentir perdidos. No final das contas isso tem um lado positivo porque às vezes as perdas ou o desconhecido nos tornam pessoas melhores ou mais fortes. Tudo na vida é experiência.

I was frightened of a thousand hats
Bouncing off the answers, losing pride
Had a fear of failure and true love
But I don’t regret that I am what I lost

Under the Pillow
Esta faixa fala muito sobre estarmos desapontados conosco e nossas lutas contra pensamentos negativos. É sobre apenas ver a vida passar e não agir para fazer o que devemos fazer: sair da zona de conforto.

While you’ve been watching too much daytime TV
Dreaming on demand

Your “from tomorrow” just became “yesterday”
Made you crawl again under the bed covers
Hey you, rise and shine! You must learn to stand your ground
How long can you hold your breath under the pillow?

#Addicted
Addicted significa viciado. E hoje o maior vício de muita gente por aí é rede social. A música fala a respeito do exagero de postar tudo que se faz na internet, mendigando likes quando a vida online no fundo é apenas uma máscara – a pessoa quer passar a imagem de alguém que ela não é simplesmente para ganhar popularidade, sendo que o maior medo dela é a solidão.

So hashtag me and go cause I’m addicted to your love
I’m afraid you’re the only friend I’ve got
There’s a mask upon my face I can’t live without
So you won’t recognize me when I am in the crowd
I lost my calmness in the world where everything is searchable

Caterpillar And The Barbed Wire
Uma crise existencial na meia-idade. Às vezes passamos a vida toda reprimindo nossos sonhos, presos em uma rotina diária que não é bem o que gostaríamos. Assim como a lagarta da música prefere continuar lutando contra o arame farpado, se machucando e evitando de se transformar em borboleta, muitos preferem evitar uma transformação na mente ou na vida, continuando presos em uma situação desagradável. Além disso, aparentemente o personagem parece se lembrar que também não está com a pessoa que ele ama. Tudo isso por causa de medo e falta de confiança.

I can’t pretend anymore I’m tired of suppressing all of my needs
I want to belong to the cloudless sky not to the shaded ground

But it’s so hard to admit that I lived without your light
Trying not to believe that I need it more
Now the bleeding won’t stop for I struggled through the barbed wire
Trying not to believe that I need your love.
Trying not to believe in love. 
But it got me now.

Saturate Me
Esta faixa curta que está conectada com #Addicted tem um significado grande: o nome da faixa vem por causa de “saturation” uma das opções que faz parte de programas e aplicativos de edição de imagens. Para Mariusz Duda, as pessoas conectadas na internet o tempo todo perderam suas identidades e assim elas pegam as melhores aspectos de várias pessoas diferentes e montam uma personalidade de como elas gostariam de ser. Essa personalidade serve como uma máscara mostrada nas redes sociais onde todos sempre estão lindos e felizes, mas a realidade da pessoa é outra.

iCrowd patterns beliefs guided trips search for hints
Copy/paste brain turned off in my invisible ”oh” life
I don’t want to feel like I’m no one anymore

Afloat
Afloat também é uma faixa curta e é o ponto de mudança do personagem do álbum. É sobre a dor que ele sente, mas de maneira positiva desta vez: ele aceita tudo o que passou, admite que faz parte dele e segue em frente.

Dream on, my pain, my scar, my thorn
You’ve been a part of me… let me stay afloat

Discard Your Fear
Aqui é hora de deixar as coisas ruins que aconteceram no passado parar de influenciar o seu presente, de ter a consciência de que nossa mente tem o poder de distorcer fatos que se passaram e paralisar nossa vida. É hora de parar de ter medo do desconhecido, ter coragem de tomar as decisões e de fazer algo novo na vida. É hora de não ter mais medo de amar.

Discard your fear of the unknown be here and now
Just find yourself in peace, try to free your mind
Wake up, get unstuck, let it go
Scare away your fear no more fear of new life
Fear of days of the unknown
No more fear of love

Towards The Blue Horizon
A canção é a respeito de uma amizade de infância, onde muitos momentos bons foram compartilhados mas que a vida acabou separando. A “Time Machine” (Máquina do Tempo) entra no contexto pois existe uma certa nostalgia na música e com certeza o personagem gostaria de voltar no tempo para reviver aqueles momentos com o amigo.

Where are you now my friend? I miss those days
I hope they take good care of you there
And you can still play the guitar and sing your songs
I just miss those days and miss you so
Wish I could be strong when darkness comes

Time Travellers
Mais uma vez o personagem quer usar a “Máquina do Tempo” para voltar à infância. Mas ele segue em frente, olhando para trás de certa forma. Mariusz diz que antigamente, a empolgação em fazer coisas novas era completamente diferente e pura porque se você quisesse fazer algo, era necessário paciência, dedicação, merecimento. Hoje temos acesso a tudo, em qualquer momento, em diversas plataformas e o sentimento não é o mesmo.

Let’s go back to the world that was 30 years ago
And let’s believe this is our time

Found (The Unexpected Flaw of Searching)
Se na primeira faixa do disco ele estava perdido, aqui ele se encontra. Ele olha para trás e vê todas as dificuldades que passou, mas agora as nuvens estão indo embora e o sol está voltando. Ele aceita que tudo faz parte de seu crescimento, de seu aprendizado. Agora ele vê as coisas como elas são e não tem mais medo. Ele acredita que a vida é bela e que não deve desistir dos sonhos; que ele deve continuar com o que ele acredita ser o certo. E se sente como uma criança que está começando a vida, ou seja: é um novo começo para ele.

Esta faixa encerra o álbum com chave de ouro e de quebra o clipe tem uma fotografia incrível. O lindo solo foi o último presente do guitarrista Piotr Grudziński, que faleceu 5 meses após o lançamento do álbum. De longe minha música preferida deste disco.

Love, Fear and the Time Machine toca fundo porque todos nós passamos pelas coisas descritas ao decorrer da vida. A hesitação, o medo, a ansiedade e a dificuldade de tomar uma grande decisão. Às vezes agimos e quebramos a cara. Às vezes desistimos. Outras vezes estamos deprimidos, desmotivados ou paralisados de alguma forma para fazer algo novo. Usamos a televisão e as redes sociais como válvula de escape ou como meio de alimentar nosso ego na tentativa de preencher um vazio existencial. Deixamos que circunstâncias diversas nos afastem pessoas que amamos. Muitas vezes nos arrependemos. Mas somos quem somos hoje por causa de nossas experiências, tenham sido elas positivas ou negativas. Somos nossas conquistas e também nossas perdas. Qualquer que tenha sido a situação, aceitar o que aconteceu e superar nos torna mais fortes. E assim seguimos em frente fazendo o que acreditamos ser o certo e, se possível, estando em paz com isso. Caso não estejamos, temos a opção de recomeçar. Sempre é tempo de mudar!

Se quiser ouvir o álbum, abaixo tem o link do Spotify. Enjoy! 🙂

Auschwitz-Bikernau – Uma Visita ao Campo de Concentração

Além de ser parte do currículo escolar em história, o holocausto é tema de diversos filmes, documentários e livros. Todos temos ideia do que aconteceu em campos de concentrações durante a Segunda Guerra Mundial. Mas colocar os pés no lugar e ver com seus próprios olhos as instalações fazem com que a história se encaixe de uma maneira inexplicável na sua mente.

Antes de contar minha experiência, vou ser bem sincera: a visita a um campo de concentração não é para todo mundo. Alguns setores podem ser chocantes e as histórias que os guias contam podem ser bem desagradáveis. Se você se considera sensível avalie bem suas condições emocionais e decida se é viável fazer esse tour ou não.

NA CRACÓVIA

O complexo de campos de Auschwitz fica a aproximadamente 1h30 da cidade de Cracóvia, na Polônia. Eu fiquei quatro dias lá e resolvi tirar um dia para ir aos campos. Existem diversas agências espalhadas pela cidade que oferecem o tour que inclui o transporte e o guia em inglês. Eu decidi pagar o tour porque estava interessada em ouvir os conhecimentos do guia e pela praticidade de já ter o transporte incluído.

Caso você decida fazer o tour sozinho, é possível chegar a Auschwitz de van e de trem a partir da Cracóvia. A cidade em questão se chama Oświęcim. A van é mais recomendada pois deixa bem na entrada do museu, enquanto a estação de trem fica a quase 2km de distância – o que significa uns 25 minutos de caminhada ou pegar ônibus local. A passagem das vans custa aproximadamente 12zł cada trecho e as que saem cedo lotam rápido.

A entrada para o museu sem guia é gratuita, mas confira as regras no seu planejamento porque existem alguns horários específicos para fazer a visita sem guia em alta temporada. É possível chegar lá sozinho e pagar por um guia ou se juntar a um grupo, mas também existem horários específicos para quem quer o tour em inglês ou espanhol.

São dois campos em questão para visitar: Auschwitz I e Bikernau, também conhecido como Auschwitz II. A distância entre os dois campos é de aproximadamente 3,5km. O museu oferece traslado em ônibus entre os dois campos da seguinte forma: entre Abril e Outubro, ônibus a cada 10 minutos. Entre Novembro e Março, ônibus a cada 30 minutos.

OBS: A 6km ainda existiu um terceiro campo importante, o de Monowitz (Auschwitz III). No total, o complexo de Auschwitz incluía mais de 40 sub-campos.

Mais informações: http://visit.auschwitz.org/

Recomendações:

  • Tempo de Visita –  o site oficial recomenda que você reserve no mínimo 3h30 para visitar os pontos principais de Auschwitz I e Auschwitz-Bikernau. Sim, é um grande complexo e talvez leve mais tempo que isso.
  • Alimentação – quando fechei o tour na Cracóvia, a atendente me orientou a levar meu próprio lanche pois as opções no local eram poucas. Eu cheguei a levar água e lanche mas só tomei água, porque fiquei sem fome o dia todo vendo aquelas coisas.
  • Respeito – lembre-se do local que você está visitando e o que ele representa. Se comporte com respeito em memória das milhares de pessoas que sofreram e morreram aqui. Use seu bom senso caso você queira tirar fotos nos lugares que são permitidos.

AUSCHWITZ I – “ARBEIT MACHT FREI” 

“O trabalho liberta” – esta frase foi colocada no portão de diversos campos de concentração, incluindo Auschwitz. Considerando o que houve nos campos, a sentença soa com uma imensa crueldade – diz a lenda que a idéia da mensagem era dizer que o trabalho árduo traz um tipo de libertação espiritual. Para mim a idéia é nada mais do que “trabalhe até não aguentar mais e se liberte através da morte”.

Por causa das prisões em massa, as penitenciárias locais na Polônia não tinham mais espaço. Assim nasceu o campo de Auschwitz, fundado em 1940 na cidade de Oswiecim, cidade que foi anexada ao Terceiro Reich pelos nazistas – que já vinham ativando campos de trabalhos forçados desde a década anterior.

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“O Trabalho Liberta” – Inscrição no portão de entrada de Auschwitz

A guia contou que como antigamente as notícias eram difíceis de confirmar, os nazistas divulgavam que Auschwitz era um lugar onde as pessoas poderiam trabalhar e começar uma nova vida. Os trens iam tão lotados de judeus indo aos campos, iludidos pela perspectiva de uma vida melhor, que muitas pessoas morriam no caminho por falta de ar – e talvez esses tenham dado sorte. Isso quer dizer que no começo os nazistas não precisaram se esforçar tanto em capturar as pessoas e levar ao campo de concentração. Neste primeiro campo, o número de prisioneiros flutuou entre 15 a 20 mil pessoas.

Ao sair do trem, as famílias eram separadas; Os incapacitados para o trabalho eram mortos: crianças muito pequenas, deficientes, idosos, doentes. As crianças gêmeas eram submetidas a estudos científicos nazistas – eles queriam conseguir produzir mais gêmeos.

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Apesar de o campo ter sido construído a princípio para receber prisioneiros poloneses, posteriormente recebeu também diversos outros tipos de pessoas. Cada prisioneiro era identificado com um símbolo no famoso uniforme listrado. As principais categorias eram:

Judeus – eram registrados em sua maioria como presos políticos. Inicialmente eram diferenciados de outros presos políticos por um triângulo amarelo no fundo e um triângulo invertido em vermelho, formando uma Estrela de Davi. Depois eles passaram a ser identificados com um triângulo vermelho e um pequeno retângulo amarelo acima do triângulo.

Presos Políticos – marcados com um triângulo vermelho, eles tinham alguns privilégios aprovados pela polícia alemã. Em sua maioria eram poloneses, tchecos, iugoslavos, ucranianos e russos. Havia uma minoria alemã e austríaca nessa categoria.

Criminosos – marcados com um triângulo verde, eram enviados para os campos após cometer algum crime ou após deixar a prisão em casos que a polícia decidiu que a sentença dada pelo tribunal era muito suave. Geralmente esses prisioneiros eram alemães.

Antissociais – marcados com um triângulo preto, eram levados aos campos de concentração por “vagabundagem ou prostituição” – na prática, por comportamentos não aprovados pelas autoridades alemãs. Os ciganos, por exemplo, eram identificados com o triângulo preto.

Testemunhas de Jeová – marcadas com um triângulo roxo, foram enviadas ao campo de concentração por sua neutralidade e posição pacífica, atitudes que no Terceiro Reich eram vistas como sendo contra o governo. Isso incluía a recusa em fazer a saudação “Heil, Hitler!” e se alistar no exército para a guerra. A maioria desses prisioneiros eram poloneses e alemães.

Homossexuais – marcados com um triângulo rosa com base na seção 175 do Código Penal Alemão. Esta categoria de prisioneiros era composta por alemães.

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Classificação de Prisioneiros

A classificação acima foi retirada de http://en.auschwitz.org/lekcja/1/

Auschwitz I é basicamente um complexo com pequenos prédios,  todos de concreto. Cada galpão está aberto hoje abrigando temas específicos. É triste ver o galpão com as milhares de fotos de pessoas que estiveram lá. É possível ver como eram os quartos e objetos pessoais dos prisioneiros. O que me chocou mesmo em Auschwitz I foram ver os tipos de celas construídas com requintes de crueldade. Eu mesma me senti sufocada só de olhar. Aqui também aprendemos que os judeus, antes de serem mortos, tinham que tirar os sapatos –  sapatos eram muito valiosos na época e aparentemente os judeus não mereciam ter aquilo.

Em Auschwitz I é possível ver também os locais onde as pessoas eram mortas por fuzilamento.

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Alojamento em Auschwitz I

BIKERNAU (AUSCHWITZ II)

Em 1941 as casas da vila de Brzezinka, a três quilômetros de Oswiecim foram confiscadas e demolidas para ceder espaço ao campo de Auschwitz Bikernau. Aqui o complexo é de grandes barracões de madeira – que aparentemente não protegiam nada do tempo frio. As ferramentas de exterminação em massa foram construídos aqui e a maioria das vítimas do holocausto foram mortas neste campo –  aproximadamente 90% das vítimas de Auschwitz, o que significa aproximadamente 1.1 milhão de pessoas. De cada 10 pessoas, 9 eram judeus.

Aqui dá pra sentir que o lugar é uma amostra grátis do inferno – condições precárias para viver e um campo de extermínio. O galpão dos “banheiros” por exemplo – umas bancadas também de madeira –  foi muito marcante para mim por causa de uma história que a guia contou: o trabalho de limpeza do tal banheiro era muito disputado pelos prisioneiros, porque os soldados nazistas sentiam repulsa do cheiro deles e mantinham distância.

Também vemos desenhos que crianças fizeram em suas camas. Uma tristeza só de imaginar uma criança em um lugar desses. A guia disse que a maioria das crianças que havia no campo eram filhos de poloneses. Os filhos dos judeus geralmente acabavam mortos.

O pior lugar para visitar em todo o museu com certeza é câmara de gás. Apesar de ser um lugar vazio, só de pisar você já sente um clima muito, muito pesado mesmo. Parece que o cheiro da morte ainda está impregnado nas paredes. Não dá para descrever em palavras. E o mais triste: na área externa existe um lago onde as cinzas das pessoas eram jogadas.

Todo esse terror teve um fim em 1945. Enquanto os prisioneiros eram evacuados, a SS tentou remover as evidências dos crimes cometidos nos campos. Eles destruíram alguns documentos, explodiram crematórios e barracões. O museu também mostra que eles tentaram sempre manter os registros no menor número possível e falsificaram documentos a fim de posteriormente negar os crimes ou minimizá-los. Um absurdo sem igual.

PORQUE VISITAR AUSCHWITZ

A visitação teve um grande impacto em mim por eu ser uma Testemunha de Jeová. Pensei que se eu tivesse nascido na Europa naquela época, eu poderia estar em Auschwitz ou em qualquer outro campo de concentração. Sinceramente, visitar uma vez só já basta. Não pretendo visitar nenhum outro campo novamente.

Mas também podemos pensar pelo outro lado: se um campo de concentração é símbolo do sofrimento, do holocausto e do genocídio, também é símbolo da resiliência humana. Ali temos a certeza de que  é possível sobreviver à mais terrível das condições. Que é possível manter a integridade apesar de maus tratos e ameaças. E que apesar das tentativas, uma pessoa tão má quanto Hitler não conseguiu exterminar os povos que ele considerou “inferiores”.

Uma frase estampada em Auschwitz diz: “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. É uma citação do filósofo George Santayana que justifica a existência desse lugar tão sombrio, onde ocorreram tantas atrocidades contra seres humanos. Se a lição foi aprendida pela humanidade, precisaremos continuar a viver a história para confirmar. Se não foi, tenho certeza de que continuaremos a exercer a resiliência para sobreviver.

Shanghai

Shanghai (palavra que signfica “Cidade no Mar”) começou sua história com uma pequena vila de pescadores. Devido sua posição geográfica no Delta do Rio Yangzi, foi se tornando uma potência devido ao porto onde muitos tipos de produto eram comercializados, incluindo o ópio, que levou a uma guerra. Após essa guerra, os britânicos fizeram um acordo que levaram a cidade a abrir as portas para estrangeiros.

Com influências de colônias britânicas, francesas e americanas na cultura, arquitetura e na sociedade em geral, hoje Shanghai é a maior cidade da China. Possui a quarta maior área metropolitana do mundo, ficando atrás apenas de Tóquio, Jacarta e Cairo. Extremamente cosmopolita, é o centro econômico e cultural do país.

Eu particularmente encontrei diversas semelhanças entre Shanghai e Nova York: muitas luzes e diversos arranha-céus na margem oposta do Rio Huangpu, um touro de bronze igual ao de Wall Street, muitas grifes e restaurantes diferenciados.

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A vibrante cidade de Shanghai

DE GUILIN A SHANGHAI

Foram aproximadamente 2h30 de voo na Shanghai Airlines entre Guilin e Shanghai. Como disse no post de Guilin, nosso voo atrasou muitas horas por causa do tempo que estava ruim, e acabamos perdendo um dia inteiro em Shanghai. Mas em questão de chegar na cidade mais importante da China, há diversas opções de trem e avião. O transporte na cidade é simples também pois há linhas de metrô com estações sempre próximas aos pontos turísticos.

O HOSTEL

Os hostels em Shanghai tem um preço mais alto que as outras cidades que passamos. Ficamos no Mingtown People’s Square Youth Hostel. O quarto do hostel não tem nada especial – acho que poderia ser mais limpo até. As vantagens: boa estrutura e restaurante com excelente café da manhã e localização: fica a três quarteirões da estação Dashijie do metrô e é possível caminhar do hostel para algumas das principais atrações da cidade, das quais vamos falar agora!

THE BUND

A palavra Bund significa cais aterrado segundo a Wiki. Muitos acreditam que a área é um museu a céu aberto, pois há construções de diversos estilos em seu entorno. À beira do Rio Huangpu e com vista para a área de Pudong, é o cartão postal de Shanghai. Aqui é possível procurar também passeios como cruzeiros no Rio Huangpu.

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Mapa do Bund – Site: China Highlights

É andando no Bund que você vai encontrar o touro de bronze igual ao de Wall Street 🙂

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YU YUAN GARDEN

Yuyu Garden significa Jardim da Felicidade. Foi construído durante a dinastia Ming, há mais de 400 anos. São 20 mil metros quadrados para explorar, onde você pode conhecer os jardins, a arquitetura chinesa, e obras de arte como esculturas. Há uma área comercial bem forte ao redor do parque, onde você encontra roupas e souvenirs a um preço bem acessível.

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NANJING ROAD

Uma rua para pedestre como se fosse a 5a Avenida de Shanghai. É um lugar bem movimentado cheio de luzes, restaurantes, lojas e, como sempre, você provavelmente vai ver as senhorinhas chinesas dançando em seus passos sincronizados. Do hostel era possível ir andando até esta rua.

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ZHUJIAJIAO

Em Shanghai há diversas cidades antigas que foram construídas à beira da água. É o caso de Zhujiajiao. Você pode chegar lá à pé ou com barco. As ruas são bem apertadas e cheias de gente querendo conhecer as lojas, provar comidas exóticas e conhecer um pouco da cultura local. Uma coisa que eu amei aqui em Zhujiajiao é que tem uma rua específica onde você pode se vestir com roupas tradicionais chinesas e fazer um ensaio fotográfico. A produção não é cobrada, apenas as fotos que você quiser levar: cada uma por ¥10.

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Outras cidades do mesmo estilo que você pode visitar são: Qibao, Luzhi, Zhouzhuang, Xitang, Tongli, Nanxun, Wuzhen e Suzhou. Veja mais aqui no China Highlights.

Há muitas outras atrações em Shanghai: museus, shows tradicionais, circos, restaurante no topo da torre da Pearl TV com vista panorâmica e até um passeio na Disney deles. Aqui também é o melhor lugar para fazer compras: se informe no hostel onde as coisas são mais baratas. Fomos em um lugar que eu esqueci o nome, mas meus amigos compraram drones por ¥120.

Nossa viagem na China se encerrou aqui em Shanghai. Certamente essa foi a viagem mais memorável que eu fiz. Conheci de perto uma cultura milenar, vi lugares magníficos tanto em questões de construções como de natureza, aprendi a tomar chá e a simpatia dos locais me fez mudar alguns preconceitos que eu tinha com o povo em geral. Eu voltaria para a China novamente para conhecer tantos outros lugares maravilhosos que eles tem e com a mente aberta que não preciso me preocupar tanto com a língua pois a gente sempre dá um jeito de se comunicar. E é por isso, meus amigos, que eu reforço: é melhor a experiência do que coisas materiais pois ninguém pode tirar de você o que você viveu.

Guilin

Cenário do filme “O Despertar de uma Paixão”, a cidade de Guilin é um dos destinos mais visitados da China por suas belas paisagens. O clima subtropical favorece a visitação por todo o ano, porém eles mesmos recomendam o período de abril a outubro como o ideal. Foi a cidade mais quente que passamos na China e como o clima é muito úmido, pode cansar mais nas caminhadas ao decorrer do dia.

Aqui as recomendações eram sempre de “cuidado com os trapaceiros”. Aparentemente são aplicados os mais diversos golpes a quem visita a cidade, que basicamente vive de turismo. Com isso em mente, vamos ao que interessa.

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Guilin à noite – Foto de Márcio Rocha

DE ZHANGJIAJIE A GUILIN

Pegamos um trem de Zhangjiajie a Changsha que custou ¥169 e durou 5h de viagem. Em Changsha pegamos outro trem à Guilin, que custou ¥443 e durou 3h de viagem. Este trem é mais caro pois é do tipo de alta velocidade.

O HOSTEL

O Green Forest Hostel não é distante da estação de trem de Guilin e é em um centro comercial. Na região há diversos restaurantes, lojas e bares. Tudo fácil acesso. Há quartos com ar condicionado, um item importante considerando o clima quente e úmido de Guilin. Não está incluso na diária é oferecido um excelente café da manhã. Eles agendam passeios para praticamente todas as atrações da cidade.

MONTE DA TROMBA DE ELEFANTE

Bem próximo ao hostel fica uma dos lugares mais visitados de Guilin: o monte da tromba de elefante (Elephant Trunk Hill). Possui este nome pelo formato da monte e da pedra. É necessário pagar um valor para entrar, mas esqueci quanto era. Na área externa, há um parque onde podemos observar chineses praticando o Tai Chi Chuan e também algumas senhoras chinesas dançando músicas populares. Elas são muito mais sincronizadas do que eu e minhas amigas jogando Just Dance, dá gosto de ver!

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Monte da Tromba de Elefante – Foto: China Tour Guide

CAVERNA DA FLAUTA DE BAMBU

A caverna da flauta de bambu (Reed Flute Cave) não é muito grande, e a beleza dela é o jogo de luzes coloridas que eles colocam nas estalagmites e estalactites. Durante a visita, que é guiada, é projetado um filme no teto contando sobre uma antiga lenda chinesa. Também há um número de um casal de bailarinos.

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CRUZEIRO NO RIO LI

Esta é a principal atração de Guilin: um cruzeiro no Rio Li. São pequenas embarcações que navegam por parte do Rio Li, passando por uma paisagem pitoresca. Aqui é um lugar tão famoso na China que diversos casais viajam até lá para fazer ensaios fotográficos de casamento.

Durante a visita, é mostrado um antigo método de pesca na China, que segundo o guia está acabando porque muitas famílias estão se mudando do campo para as grandes cidades à procura de trabalho. No processo, uma ave chamada “Cormorant” que segundo o Google,  é Cormorão em português, mergulha no Rio e pega o peixe. Depois o pescador retira o peixe da ave, pois eles colocam um anel no pescoço delas para evitar que engulam. Achei um pouco ruim ver o animal preso no barco e com o anel no pescoço, mas eles juram que o pássaro é recompensado depois. Bem, quem sou eu para me intrometer em uma tradição milenar chinesa?

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Existe uma pequena área comercial próximo ao local onde as embarcações para o cruzeiro ficam. Ali, você pode comprar comida pronta, frutas, artesanato. Quando fomos o único banheiro público que tinha era horroroso. Não havia portas, o chão parecia que alguém tinha feito cocô e espalhado por todo o chão, sem papel, sem nada. Por isso, caso esteja assim ainda, evite tomar muito líquido para aguentar até voltar para a cidade. Ou faça no meio do mato que é melhor.

TERRAÇOS DE ARROZ

As vilas de Longsheng possuem diversas etnias que por gerações cultivam um dos produtos mais consumidos na China, o arroz. A gente só passou por alguns terraços de arroz, mas não fez nenhuma visita guiada. Há pessoas que decidem ficar hospedadas na área das vilas pois além da maravilhosa paisagem, cada etnia possui dialetos e tradições diferentes, incluindo vestimentas, comidas e festivais. Caso sua opção seja essa, lembre-se que devido ao clima chuvas fortes podem ocorrer e a energia elétrica pode ser interrompida.

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Terraços de Arroz em Longsheng – Foto de China Tour Guide

A passagem pela simpática Guilin foi muito boa. Para quem deseja conhecer a vida rural na China, Guilin é o local ideal. Infelizmente quando estávamos indo embora o tempo ficou ruim e acabou atrasando por muitas horas nosso voo para o último destino do mochilão na China: Shangai, história do próximo post. Até lá!

Zhangjiajie

Ah, Zhangjiajie! A cidade pela qual me apaixonei à primeira vista, por fotos, e que não me decepcionou. Para encaixar esta cidade no roteiro, deu um pouco de trabalho: o acesso a ela não é tão simples. Ainda bem que não desistimos. Aliás, por aqui é muito difícil ver um viajante ocidental – a maioria dos visitantes são chineses e outros orientais. Acabou que também viramos atração turística para eles. Recebi muitas perguntas sobre o local no Trip Advisor, então vamos aos detalhes de como chegar lá e do que fazer.

DE XIAN A ZHANGJIAJIE

Pegamos um voo de 1h30 de Xian a Changsha. Passamos a noite em um hostel e no outro dia pegamos o primeiro trem de Changsha a Zhangjiajie. Este trajeto levou aproximadamente 5h. Valor: ¥85.

Mesmo sendo uma cidade com muito verde e muita floresta, a estrutura de Zhangjiajie é excelente. No centro há diversos restaurantes (tem até Mc Donald’s pra quem estiver cansado de macarrão e doces de feijão). O transporte público é bom e barato, só tem um problema: os ônibus param de circular aproximadamente às 20h. Se passar deste horário, procure um táxi!

O HOSTEL

Nós ficamos no Tu Niu Hostel(Biao Zhi Men) – não encontrei o link do hostel – que fica bem próximo ao Zhangjiajie National Forest Park.

Atenção: A distância entre o Zhangjiajie National Forest Park e a Tianmen Mountain é bem grande. Antes de escolher um hostel/hotel, leve em consideração o que você quer fazer na cidade, para evitar deslocamentos desnecessários. A Tianmen Mountain fica bem ao lado da estação de trem, no centro da cidade.

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Deixe seu recadinho no hostel!

Nas proximidades do hostel e do National Forest Park, há diversos hotéis, alguns mini mercados e uma rua pequena com diversos restaurantes. Porém devo lembrar aqui que estamos ao lado da FLORESTA e aí sim pela primeira vez vimos que os cardápios dos restaurantes eram bem estranhos. Você vê bichos de todos os tipos presos em gaiolas, prontos para o abate: de galinhas a tartarugas, de tatus a porquinhos da índia, cobras, morcegos. Havia uma iguaria que não sabemos (e nunca saberemos) do que era feita, mas o cheiro era extremamente nauseante. Para quem não está tão interessado neste tipo de culinária exótica, faça como nós que sobrevivemos à base de biscoitos, miojos e chocolates comprados nos mini mercados.

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Eu não como isso nem que me paguem

Vamos às atrações!

TIANMEN MOUNTAIN

Tianmen Mountain singnifica “Montanha da Porta do Céu”. Este parque tem inúmeras atrações. Você precisa de pelo menos um dia inteiro para visitar. E aqui vai um aviso importante: chegue o mais cedo possível. As filas são enormes. Esperamos por aproximadamente 3h na fila para conseguir entrar no bondinho.

O bondinho que sobe a Tianmen Mountain percorre 7km em aproximadamente 30 minutos. É o trajeto mais longo do mundo inteiro. Mas por mim, poderia levar bem mais que 30 minutos, porque a vista é simplesmente incrível.

Ao descer do bondinho, já é possível fazer as caminhadas à beira do penhasco, passar pela passarela de vidro e depois percorrer as 99 curvas da estrada que leva à Tianmen Mountain. Claro que falando aqui parece fácil, mas você vai levar muito tempo para fazer tudo isso. Quem tem medo de altura ou fica enjoado ao viajar de carro, prepare o coração e o estômago. Ao chegar no local, que é de tirar o fôlego de tão lindo que é, ainda há mais 999 degraus até a entrada da Tianmen Mountain. Pode subir ouvindo Stairway to Heaven que combina bem com a caminhada.

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Stairway to Heaven

Além disso, é aqui na Tianmen Mountain que tem uma passarela de vidro. Essa passarela acredito ter sido a primeira ou uma das primeiras da cidade e é pequena mas te garanto que foi uma das coisas mais cômicas que já vi na minha vida! Muitas pessoas tem medo e fazem de tudo para andar na beirada da montanha, onde não há vidro. Tem gente que grita e segura em qualquer um que estiver passando, enquanto outros fazem as poses mais inusitadas para tirar fotos. Diversão garantida!

No parque não há muitas informações em inglês, então não esqueça de pegar um mapa ao comprar o ingresso. Pelo menos você pode apontar para algum funcionário te dar as direções.

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ZHANGJIAJIE NATIONAL FOREST PARK

O preço da entrada varia de acordo com a temporada. Na alta temporada, o valor era bem alto e como a gente já estava um pouco pobre, foi decidido não visitar o parque. Se arrependimento mata, eu queria estar morta. Cada vez que eu vejo uma foto do Heavenly Pillar, que serviu de inspiração para as Hallelujah Mountains do filme Avatar, dá vontade de pegar meu DeLorean e voltar no tempo só pra poder ir nesse parque.

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Halellujah Mountains – Foto de YourAmazingPlaces.com

O parque faz parte da área cênica de Wulingyuan. Para explorar a essência do parque, dois dias são recomendados – com roupas e calçados confortáveis para caminhadas e subidas em pedras. Esse é o principal motivo do preço de entrada ser tão caro: como o parque é imenso, o ingresso é válido para 4 dias corridos a partir do momento da compra.

Nós fomos à Zhangjiajie em 2015, mas em 2016 abriu neste parque a maior ponte de vidro da China. Ela foi projetada por um arquiteto israelense e conecta duas montanhas chamadas de “Montanhas de Avatar” com 99 blocos de vidro. São 430m de comprimento a 300m de altura. Se na pequena passarela na Tianmen Mountain as pessoas já estavam morrendo de medo, imagina nessa?

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Ponte de Vidro – Foto: HypeBeast

Não é recomendado visitar o parque durante o inverno. Tudo fica escorregadio e se começar a nevar muito forte, o parque é fechado. Procure visitar no outono ou na primavera.

BAOFENG LAKE

O Lago Baofeng (Baofeng significa “Pico do Tesouro”) também faz parte da área cênica de Wulingyuan. Significa sim que é próximo ao National Forest Park e do hostel que ficamos. Até pegamos um táxi para chegar lá, mas deu menos que ¥10.

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Baofeng Lake

Não há apenas o lago: há quedas d’água, algumas trilhas, templos no meio da floresta. O que me consolou neste lugar é que ao chegar com muito esforço no final de uma trilha, eu pude ver uma amostra do que seriam as montanhas que eu teria visto no National Forest Park. A trilha tem um pouco de subida, então prepare suas pernas e pulmões.

O ingresso ao parque que custou ¥96 inclui um passeio em um barco típico chinês pelas águas do lago. Durante o percurso, é possível ver algumas casinhas de madeira de onde saem chineses em trajes típicos, cantando canções tradicionais da vila local. A paisagem me lembrou muito as fotos do lago Ba Be no Vietnam, outro lugar que gostaria muito de conhecer, só que em escala menor.

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POR QUE VISITAR ZHANGJIAJIE?

Visitar Zhangjiajie significa conhecer uma natureza exuberante e diferente de tudo o que você já viu. Além disso, depois de tanta poluição nas cidades anteriores, nada como um ar menos poluído! É um pouco difícil o acesso mas com um bom planejamento, é possível chegar e explorar a cidade sem a necessidade de pagar os guias, que cobram uma fortuna. Mas as montanhas, lagos, atrações e até a hospitalidade dos chineses fazem todo seu esforço em chegar lá valer cada centavo. Se você já visitou Zhangjiajie, não esqueça de deixar mais dicas nos comentários!

Próxima parada: Guilin

Xian

A maioria de nós automaticamente associa “Xian” com “Guerreiros de Terracota”. Mas a relação não é tão simples assim. A cidade tem mais de 3.000 anos de história – já foi capital da China e teve um importante papel na rota da seda. Hoje, é uma cidade moderna e cosmopolita: é fácil encontrar chineses que falam muito bem o inglês e também famosas lojas de grife ocidentais em Xian. Até restaurantes como a pizzaria americana Papa John’s dominam o centro da cidade.  Podemos assim sentir claramente a influência que a cultura ocidental teve na região nas últimas décadas. Mas vamos ao que interessa: como chegamos e o que fizemos em Xian.

DE ZHANGYE A XIAN

Saindo de Zhangye, fizemos todo o caminho de volta a Lanzhou: pegamos o trem na estação Zhangye West com direação à estação Lanzhou West. O valor do ticket foi de aproximadamente US$30. Da estação de Lanzhou pegamos um táxi até o aeroporto – mais ¥200. E de Lanzhou pegamos o avião a Xian (perdi o preço da passagem!) A viagem entre as duas cidades é de aproximadamente uma hora.

Xian é uma das cidades mais procuradas pelos turistas. Com certeza você não terá dificuldades em encontrar um voo ou um trem para chegar lá.

O HOSTEL

Shuyuan International Party Hostel foi o melhor hostel que ficamos nesta viagem. Fica em frente à Fortificação de Xian, bem próximo à estação de metrô, o atendimento foi ótimo e o café da manhã tem frutas, pães (que não são adocicados ou com feijão vermelho). Ao chegar eles já te dão um ticket para trocar por uma cerveja no bar que fica no subsolo.

O QUE FAZER

Nós tínhamos pouco tempo para explorar Xian. Escolhemos ficar dois dias e o foco mesmo era o Museu de Terracota, mas depois de passear pela cidade, nos arrependemos de não ter separado mais tempo para ficar por lá. Se possível, não cometa este mesmo erro.

Ao chegar no aeroporto de Xian, fomos abordados por uma empresa que presta serviços de transporte, dentro do próprio aeroporto eles já arrumam tudo. Por um preço equivalente a uns R$100,00 por pessoa, fechamos um passeio até o Museu e depois ele nos levou em diversos outros pontos da cidade e nos levou depois ao hostel.

Fechar este passeio valeu a pena porque nós estávamos muito cansados da viagem de Zhangye até Xian e porque como eu já disse, nós não tínhamos muito tempo na cidade.

GUERREIROS DE TERRACOTA

Antigamente alguns guerreiros eram sacrificados quando um Imperador morria para que pudessem o proteger na vida após a morte, segundo as crenças chinesas. Os Guerreiros de Terracota foram esculpidos para serem enterrados junto com o primeiro Imperador Qin e acabaram substituindo os guerreiros de carne e osso (ainda bem). Mais de 700.000 artistas e trabalhadores construíram o complexo que contempla o exército e o túmulo do Imperador. Em cada guerreiro foi gravado o nome do artista que o criou, para que pudessem rastrear qualquer erro que pudesse ter sido cometido. Talvez seja por isso que o nível de detalhes das esculturas seja tão impressionante!

No museu, prepare-se para disputar lugar com muitas, muitas pessoas. Foi um dos lugares mais movimentados que visitamos na China.

Atenção: Não compre nada dentro do Museu Qin, mesmo que você seja abordado por ambulantes que querem vender miniaturas numa caixa. Geralmente eles colocam o preço inicial lá em cima, depois vão abaixando até dizer que vendem a caixa com 5 peças por ¥50. Mas do lado de fora a mesma caixa é vendida por ¥20. No museu há uma lojinha, mas os preços são bem salgados. Caso queira economizar, espere até sair. Há uma rua inteira cheia de souvenirs à venda.

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Imitando os Guerreiros de Terracota

FORTIFICAÇÕES DE XIAN

Construída no século XIV para proteger a cidade, a fortificação de Xian está muito bem preservada. Possui 14km que podem ser percorridos a pé ou por bicicleta. Há parques do lado de fora da fortificação que são muito bonitos e onde podemos observar as famílias chinesas simplesmente no seu tempo para relaxar.

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Fortificação de Xian

TORRE DO SINO E TORRE DO TAMBOR

A torre do sino marca o centro geográfico de antigas capitais. A torre do tambor era usada para alarmar a população em caso de emergências. Elas são chamadas de “torres irmãs” e realmente não ficam distantes uma da outra. É possível entrar para visitar porém o horário visita é bem restrito. Se informe com antecedência para não tentar chegar lá após o horário.

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Torre do Sino

OUTRAS ATRAÇÕES

Próximo à região das torres, você pode ter como referência o Templo Daci’en, onde um dos cartões postais de Xian se encontra: o Pagode do Grande Ganso Selvagem. Na área ao seu redor, há diversas praças e jardins que foram projetados para mostrar o espírito cultural da Dinastia Tang – informações da China Travel Guide. Toda a área pode ser explorada e você vai encontrar muitas obras interessantes!

Na cidade há também o Museu de Shaanxi que conta um pouco da história da China e da região que Xian se encontra, além de diversos outros templos e parques. Opções não faltam para quem estiver disposto a explorar Xian.

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Depois de conhecer um pouco da história de Xian a próxima parada foi, um dos melhores destinos que já pude visitar e que é muito desconhecido para quem é de fora da China: Zhangjiajie. Até o próximo post!