Belém do Pará

Belém do Pará foi fundada às margens do Rio Guamá em 1616 pelo capitão-mor português Francisco Caldeira Castelo Branco. Até hoje a cidade é uma referência da presença dos nossos colonizadores na região da floresta amazônica. Podemos perceber a influência deles na arquitetura de várias construções centenárias com suas fachadas revestidas de azulejos, apesar de muitos lugares históricos estarem um tanto quanto malcuidados por parte do governo e da população.

O que mais me chamou a atenção é que a cidade é extremamente acolhedora e hospitaleira. O atendimento é incrível em qualquer serviço prestado – se prepare para ser chamado por nomes carinhosos: meu bem, meu amor, minha querida. As pessoas entram no elevador e cumprimentam; passam sorrindo na rua. Além disso, os turistas do Brasil e do mundo são atraídos por suas riquezas naturais – que incluem diversas ilhas ao seu redor com praias de rios e igarapés – e culturais –  que incluem uma gastronomia excepcional e artesanato (influenciados pelos povos indígenas) e estilos musicais regionais como o Carimbó e a Guitarrada.

Aqui eles chamam as estações só de verão (época mais seca) e inverno (época de chuva). Mas de qualquer jeito “verão chove todo dia, inverno chove o dia todo”. Assim, prepare seu guarda-chuva porque você vai usá-lo muito e conheça a cidade.

ONDE FICAR

Durante o tempo que passei em Belém, fiquei em dois lugares diferentes: Galeria Hostel e Manga Hostel. Os dois são confortáveis mas cada um tem suas vantagens:

  • O Galeria Hostel fica numa área super legal, próximo do Boulevard Shopping. Na frente dele tem uma área de food trucks, na mesma quadra tem a sorveteria Ice Bode. A avenida mais próxima dispõe de ônibus para tudo quanto é lugar da cidade. Deu pra ir para alguns pontos turísticos a pé a partir do hostel.
  • O Manga Hostel fica bem no centro da cidade mesmo, próximo à rodoviária. Nas proximidades não tem muitos lugares legais pra comer. Tem um supermercado Líder a 2 quadras, que possui um restaurante. Tudo no hostel é bem novo e eles tem piscina e uma área onde às vezes rola música ao vivo.

O QUE FAZER

VER-O-RIO
O espaço chamado ver-o-rio é um complexo turístico com restaurantes, bares, música ao vivo, playground, lago com pedalinho. O intuito é intergrar tudo isso à natureza que tem em volta.

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Ver-o-Rio – Foto Boing Turismo

ESTAÇÃO DAS DOCAS
Situado na orla do Rio Guamá, é o point da cidade. Assim como o Ver-o-Rio, a estação das docas é um complexo com lojas, bares, restaurantes que tem até apresentações ao vivo. É um bom passeio, principalmente no fim da tarde, com o por-do-sol. Lá podemos encontrar o bar da Amazon Beer, que oferece diferentes cervejas com notas de frutas típicas da Amazônia, como açaí, bacuri e taperebá. Também tem a Sorveteria Cairu e Gelateria Damazônia: não deixe de provar a torta sorvete de açaí com tapioca. Sabor divino!

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VER-O-PESO
Logo após a estação das docas fica o mercado ver-o-peso. Antigamente, aquilo era um posto de fiscalização da coroa portuguesa, chamado Casa de Haver o Peso. Sua estrutura de ferro foi trazida da Europa. Hoje, o interior do ver-o-peso funciona como um mercado de peixe. Os pescadores trazem tudo fresquinho. Do lado de fora, há uma feira de rua onde são vendidos alimentos típicos da região, ervas que muitos consideram medicinais e artesanato. Do tucupi à castanha do pará (que obviamente custa bem menos que qualquer outro lugar).

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Quando você fala para um paraense que você vai no Ver-o-Peso, dá pra ver o medo estampado na cara deles. Os alertas já começam logo: “cuidado quando andar por lá”, “não tira o celular do bolso”, “não faz isso, não faz aquilo”. Vou falar a real: não me senti ameaçada em nenhum momento no ver-o-peso. Claro que se eles alertam tanto é porque acontecem sim roubos e assaltos. Mas a região é bem movimentada durante o dia (não fui no domingo). Então apenas tenha a cautela que você teria em qualquer lugar que não conhece. Redobre o cuidado se você for atravessar do Mercado para o Forte do Presépio.

MAIS DO CENTRO HISTÓRICO
O Mercado Municipal de Belém fica bem em frente ao Ver-o-Peso e basicamente peixe também. Seguindo em frente, temos a Praça do Relógio. O relógio foi importado da Inglaterra na década de 30 e as construções ao redor da praça são todas históricas. Dois quarteirões à frente é possível visitar O Forte do Presépio, que foi construído no mesmo ano que a cidade foi fundada. O museu conta com uma vista para o mercado Ver-o-Peso. Bem próximo do Forte há o museu chamado Casa das Onze Janelas. Esta casa foi construída no século 18, nos tempos de engenho do açúcar e conta a história da época.

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Um pouco mais afastado o Theatro da Paz, construído em 1878, foi a primeira casa de espetáculos na amazônia e mostra o ápice da época do Ciclo da Borracha, que impulsionou o crescimento na região.

ILHA DO COMBÚ
Para provar um pouco da culinária típica paraense, um bom lugar é a Ilha do Combú. Essa ilha é composta por diversos restaurantes, acessíveis apenas por barco. Os barcos saem da Praça Princesa Isabel e custam R$5. A travessia dura 10 minutos. Nós fomos ao restaurante “Saldosa Maloca”. Ali nos sentimos na amazônia mesmo: pelo rio (onde podemos tomar banho), a trilha para a floresta, a estrutura de madeira e palha. Não houve arrependimento: comemos isca de filhote e tambaqui assado. Sabor único.

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ILHA DE MOSQUEIRO
As praias de rio da Ilha do Mosqueiro parecem de praia mar mesmo – não dá para ver a outra margem do rio e possui ondas. A praia mais famosa é a Praia do Paraíso. Para chegar até lá, pegue um ônibus na rodoviária de Belém (R$9). O ônibus para muito no caminho e o trajeto acaba duranto umas 2h, mas vale a pena.

Na praça central da ilha, há um lugar chamado Tapiocaria. Mas não se resume a uma só tapiocaria: é um conjunto de tapioqueiros que ficam um ao lado do outro. Tem outras comidas como cuscuz e mingau. Perfeito para o lanche da tarde. Nós ficamos na Tapiocaria da Jandira, onde comi uma tapioca de queijo cuia com cupuaçu que eu espero reencontrar algum dia!

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MANGAL DAS GARÇAS
O lugar mais bem cuidado de Belém. Possui um parque com lagos e os animais ficam soltos. A entrada ao parque é gratuita, porém há algumas atrações pagas: Borboletário, Farol de Belém, Viveiro das Aningas e o Memorial da Navegação da Amazônia – cada atração por R$5 ou o passaporte para ver todas as atrações por R$15. No topo do Farol de Belém tem uma vista panorâmica muito bonita, mas estava fechado para manutenção no dia que fomos. Dentro do parque também há restaurantes que servem comida típica do Pará, incluindo o famoso restaurante Manjar das Garças, que fica ao lado do Mirante do Rio (preços são bem salgados pra pegar turista que gosta de gastar).

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FUTEBOL
Segundo os paraenses, o que faz a cidade pegar fogo é o “RE-PÁ” – clássico entre os dois times principais de Belém, Remo x Paysandu. O Paysandu ostenta em seus muros o orgulho de ter participado da Copa Libertadores da América em 2003. Para quem gosta de conhecer estádios quando viaja, clique para ver mais informações abaixo:

CULINÁRIA
A culinária paraense é uma explosão de sabores – mistura raízes e seus extratos com frutas, influência da cultura indígena da região. A Maniçoba por exemplo, é feita com as folhas da mandioca e carne de porco. Ela é cozida por 8 dias para retirar o veneno (ácido cianídrico) que tem na folha. O mesmo acontece com o tucupi, um molho feito com a raiz da mandioca brava. O prato Pato ao Tucupi é uma das iguarias mais famosas do Pará mas eu não experimentei porque não gosto muito da carne de pato. O que eu comi foi bacalhau ao tucupi, que é uma delícia! O Jambu também é uma erva típica do estado e é inserido no arroz e até em cachaça. A requisitada Cachaça de Jambu deixa a boca um pouco dormente, então pega leve se decidir experimentar.

Os pratos que eu nunca vou poder experimentar por causa da minha alergia a camarão: o Vatapá do Pará é diferente do da Bahia, pois não vai nem castanha de caju nem amendoim; a consistência é de mingau. O Caruru é um refogado com camarões e pode levar jambu na produção. O Tacacá é um caldo feito com camarão, jambu, tucupi e tapioca.

Quando se fala no Pará é impossível não se lembrar de Açaí. E lá é o original mesmo. O sabor é muito diferente do que estamos acostumados em outras regiões do Brasil. A consistência dele é bem cremosa, o gosto é muito forte e ele é mais consumido com farinha de mandioca e flocos de tapioca que acompanham comida salgada, como peixe! Algumas vezes é possível encontrar a versão com frutas. Para esta experiência, um excelente lugar é o Point do Açaí, que possui 3 unidades na cidade. O cardápio tem todos os pratos bem típicos do Pará e um atendimento de primeira. Foi o primeiro lugar que eu comi em Belém e eu ainda estava com minhas malas. O garçom Rodrigo, muito gentil, guardou todas as minhas coisas no escritório. Depois em outra unidade, nós vimos como os garçons tiveram o cuidado de ir até a rua buscar um casal idoso, ajudá-los a chegar até o restaurante e acomodá-los. Depois ainda fizeram um tour com a gente no restaurante! Super recomendado!

Roteiro Belém - Point do Açaí

Foto: Nazareno Alves

A cidade de Belém tem um potencial muito grande para turismo. Ela recebe uma boa quantidade de turistas (incluindo muitos estrangeiros) que querem explorar a amazônia – fazer os passeios de barco de Santarém – Manaus, visitar Alter do Chão, Salinas e Ilha do Marajó entre outros locais de beleza única. Mas infelizmente a impressão que tive é que a cidade é bem abandonada. Há muita sujeira nas ruas e as construções históricas estão sem nenhum cuidado. Um exemplo disso é o Bondinho. Vi apenas a estação fechada, completamente danificada pelo lado de fora. As avaliações no TripAdvisor são unânimes quanto ao abandono de uma história tão importante. Um pouco mais de investimento por parte do governo poderia alavancar o turismo, principalmente no centro histórico.

No demais, a viagem vale a pena pelos motivos já citados na introdução deste texto. Em Belém, é possível descobrir muitos ritmos e sabores, um clima e uma natureza que não são comuns por aí, além de um modo de vida simples e simpático!

Tem algum lugar que você gostou em Belém? Deixe nos comentários 😉
Fiquem com este maravilhoso clipe do Calypso